Necessária e adequada, diria que são os traços orientadores da mudança. Necessária em prol da não estagnação naquele que é o nosso percurso evolutivo, e adequada atendendo ao facto de que não podemos perder o chão, a sobriedade. Não podemos ambicionar uma volta de 360º sob pena de não termos ainda estofo psicológico para manter o equilíbrio. A mudança tem sido recorrente e por mais benefícios que dela advenham, deixa-me exausta. Por mais pessoas que tenha há minha volta, prontas a vir em meu auxilio, a solidão e a incompreensão visitam-me todos os dias. Já não sei se é o processo em si que é doloroso, ou se simplesmente o meu psicológico ainda não estava capaz de suportar a elaboração de uma nova realidade, de novas rotinas e espaços.
wherever u r
30 setembro 2020
13 novembro 2014
Acreditar que à vigésima é de vez, pois bem, não é. Um dia
chegará a hora crucial para essa porta ser fechada. Não por um orgulho
desmedido, não por opiniões alheias e muito menos por pressa de conhecer o
mundo para além desta gaiola. Fecha-se a porta pelo simples facto de que não
nos levará mais longe, nem tão pouco a lugar algum. Vai doer, o hábito e a
saudade farão com que isoles todos os bons momentos e por consequência que
consideres que foste feliz. E talvez tenhas sido, mas não passou de uma etapa.
Não podemos forçar uma peça num puzzle se simplesmente não encaixa, poderia ficar
bem, poderia até fazer algum sentido mas não é o seu lugar. Não podemos forçar
dois minutos de felicidade que chegarão após 1 hora de discussão, e isso nada
tem a ver com amar menos outrem, tem a ver com a necessidade de nos amarmos
mais a nós mesmos.
04 novembro 2014
A sociedade sente-se no direito de condenar o indivíduo, de remetê-lo ao poder coercitivo que exerce sobre ele porque no fundo, ela não tem capacidade de julgar as suas próprias ações, ou de reconhece-las. Esquecemos-nos no entanto que esta dita sociedade é um conjunto de pessoas comuns regidas por normas ou modelos pré-definidos de relações entre si e com o mundo. Posto isto, aquele que ousa sair desse ciclo para pensar por si mesmo, e ganhar capacidade de olhar para seu redor de forma crítica e racional é rapidamente remetido à solidão, à condição de errante por ser diferente.
02 novembro 2014
Perdeste-me, apesar de não teres perdido grande coisa.
Reconheço não ser das pessoas mais simpáticas nem agradáveis para convivência,
ou até mesmo nem chegar a esse patamar tão desejado por tantos e por tão poucos
por mérito alcançado. A raiz do problema não é o facto de eu não querer
abandonar o meu lado mais frio, taciturno e remoto; está precisamente no valor
que aprendi, no decorrer do meu pouco tempo de experiência, a não transparecer
de imediato à sociedade a minha totalidade como sujeito singular, não querer
entregar a alguém um livro completamente original que até poderá ser copiado,
mas nunca fielmente representado. Entregar ao mundo a nossa essência é a
reflexão de um raio de luz num espelho, terá uma consequência eminente dado que
ao darmos a conhecer o conteúdo protegido por uma capa, estamos igualmente a
refletir a nossa suscetibilidade, as nossas fraquezas e sensibilidades. Eu não sou inatingível,
já fui inúmeras vezes atingida e serei para o resto da minha vida. Simplesmente
ninguém saberá como me atingiu, como me poderá atingir e o gosto pela
insensibilidade parte daqui. Ser insensível não significa que não chore a ver
dramas, que não simpatize com bebés ou que ignore por completo alguém em
sofrimento, no fundo não deixo de ser um ser humano. Significa apenas que por
mais mãos que estenda à sociedade, não fico à espera de reciprocidade.
Significa que por mais sonhos que hajam, que são necessários às nossas
motivações e ambições nos diversos percursos que se seguem, os pés estão
limitados a uma altura de segurança do chão para que não se percam num mundo
que só tem o fim que cada um delimita.
E como naturalmente poucas ou nenhumas são as máscaras que
me servem, não tenciono agradar todos os que pela vida comigo se cruzam com uma
falsa amabilidade, com um sorriso perfeito em dias em que a alma está desfeita,
com “quero-te ver bem” mas nunca melhor que a si mesmo. Talvez este seja um
caminho que me conduza à solidão, até porque ninguém tem o dever de aturar
ninguém. Eu considero um meio de proteção, para que possa conter em mim toda a
informação possível através do silêncio e pouca informação minha seja difundida
face a alguma palavra vã.
03 outubro 2014
"freedom"
De que vale termos asas se vivemos numa gaiola? De que
vale dizer-mos que somos livres se não somos livres para sermos quem somos, se
não podemos ser individuais ao destacar-nos pela diferença, pelos nossos
valores. Não quero ser vulgar, não quero perder a minha identidade ou que esta
se ofusque numa sociedade a preto e branco. Não quero viver de mentiras, não
quero viver de hipocrisia. Contudo, num mundo onde a sociedade se impõe ao
individuo, aquele que quer sair do anonimato cai de imediato num poço de
solidão.
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