11 maio 2014

(No decorrer de um aniversário repleto de crianças e actividades didácticas)

Por volta dos meus 6 anos, pouco depois de ter visto o meu pai pela última vez, uma prima cujo rosto me fora totalmente desconhecido insistia em separar-me da mesa dos adultos e atirar-me ao mar de pequenada, disse à minha mãe uma frase que até hoje permanece tão vivida na minha memória, com as mesmas palavras, com a mesma voz: "a solidão desta menina um dia dará um grande livro".

ao colo vs a pé

A necessidade de escrever sobrepôs-se ao meu diletantismo habitual sobre o assunto no qual penso intensamente sobre esta reabilitação dos ditos problemas transpondo-os para um "papel", porém, estes acabam por se acumular no meu consciente e atormentar as minhas noites.
Decididamente não me consigo habituar a este tipo de juventude mesmo fazendo parte dela directamente. Inteiramente já não sei onde me integro, daí preferir ir passando entre todos eles sem deixar rasto de modo a que ninguém dê conta dos meus passos.
Contudo mesmo tentando ser invisível à decadência juvenil, é complicado contornar a minha revolta quando estes "novos valores" vindos de uma educação fácil se sobrepõem àquele que em toda a história levou o ser humano mais além: o trabalho. Talvez seja eu a idiota por optar seguir um caminho de grandes esforços e férias perdidas para manter o meu tribunal interior equilibrado, no tempo da minha mãe este meu método seria utilizado por pessoas inteligentes. O grande problema é que quem lidera e difunde os seus ideais são os espertinhos. E recorro ao diminutivo com um intuito bastante significativo: reforçar a ideia de que sendo uma maioria, continuam a ser pessoas moralmente muito pequenas, com valores muito limitados e claramente com uma educação extremamente proteccionista no qual os "papás" acham que têm de carregar os filhos ao colo para sempre. A importância destes espertinhos nos dias de hoje é notória na medida em que vão difundindo estes novos caminhos que encontraram que os levarão mais rapidamente e sem deixar cair uma gota de suor, ao mesmo patamar daqueles que decidiram subir montanhas.

Maravilhoso ensino secundário com duas ou três cadeiras, e vinte berços.